Juventude e Maturidade

Ela chega leve, riso solto no olhar,
Com sonhos dançando, sem medo de errar.
Traz o brilho nos olhos, coragem no peito,
A pressa da vida, um amor sem jeito.

Ele caminha com passos contidos,
Histórias guardadas em tempos vividos.
Carrega no peito um mundo sereno,
Aprendeu com a dor o valor do ameno.

Ela quer tudo, agora, pra ontem,
Ele responde: "Calma, que o tempo é homem."
Ela voa alto, sem direção,
Ele oferece firmeza e chão.

Ela é verão de promessas no ar,
Ele é outono, que ensina a esperar.
Ela é a rima que ainda não sabe,
Ele é o verso que nunca se acabe.

E nessa dança de opostos tão raros,
Se encontram nos dias, se perdem nos faros.
Pois a juventude dela é chama que aquece,
E a maturidade dele é porto que cresce.

Dois mundos distintos, mas que se entendem no olhar,
Ela o ensina a sonhar, ele a ensina a ficar.

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Cordel: Prima Danada!

Minha prima é danada,
Não consegue se segurar,
Se toca em qualquer batida,
Já começa a requebrar.
E se alguém dá uma viola,
Logo insiste em cantar!

No forró vira artista,
No pagode é sensação,
Dança até funk na sala,
Sem ligar pra opinião.
Se deixar ela improvisa,
Até rap no colchão!

Canta alto no chuveiro,
Pensa que é celebridade,
O vizinho até reclama,
Mas depois sente saudade.
Pois a voz, mesmo afinada,
Tem mistura de vaidade.

Se tem festa na família,
Já se sabe o que vai dar:
Prima pega o microfone,
E começa a desafiar.
Quem tentar bater de frente,
Pode é se atrapalhar!

Ela dança, pula e gira,
Faz careta, faz feitiço,
No sertanejo é rainha,
Na quadrilha dá serviço.
E quem olha se pergunta:
“Será que ela tem compromisso?”

Oh, prima boa de festa,
Alegria sem igual,
Tu és a nossa cantora,
E dançarina oficial.
Com você não tem tristeza,
Tira gargalhada até do pessoal.

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Virgindade da Boca

Foi no silêncio entre um riso e um olhar,
Que teus lábios pediram pra se entregar.
Sem pressa, sem medo, sem culpa ou pudor,
Só o desejo nascendo em forma de amor.

Tua boca, semente de flor a brotar,
Nunca tocada por outro luar.
Era pura, serena, um campo a sonhar,
E eu fui o vento que veio beijar.

Nosso momento, um tempo sagrado,
Doce estreia de um toque selado.
Tirei da tua boca o véu da ilusão,
E deixei nela um céu em ebulição.

Não foi só beijo, foi ponte, foi chama,
Foi alma que canta, foi corpo que clama.
E desde esse dia, em cada manhã,
Teu gosto em meus lábios ainda se põe e se emana.